Estudo do Conselho Federal de Medicina revela aumento de agressões em estabelecimentos de saúde, com 3.993 incidentes apenas em 2023
Um médico é vítima de violência no Brasil a cada três horas, segundo um levantamento inédito realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Baseado em dados da Polícia Civil entre 2013 e 2024, o estudo aponta que mais de 38 mil boletins de ocorrência foram registrados nesse período, relatando crimes como ameaças, lesões corporais e desacatos. Em 2023, o número de incidentes atingiu um recorde, com 3.993 casos, o que representa uma média de 11 boletins por dia.
Cerca de 47% das vítimas são mulheres, e a maior parte das agressões (66%) ocorre no interior dos estados, principalmente em hospitais, postos de saúde e clínicas. Os agressores, na maioria das vezes, são pacientes ou seus familiares, mas há registros de violência envolvendo outros profissionais da área da saúde. Estados como São Paulo e Paraná lideram o ranking de incidentes, sendo São Paulo responsável por quase metade dos casos registrados.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, manifestou indignação com o aumento das agressões, especialmente em unidades públicas de saúde, e pediu medidas urgentes das autoridades para proteger os profissionais. “Não é apenas o patrimônio que precisa de proteção, mas a integridade física dos médicos. Garantir um ambiente seguro é fundamental para a continuidade do atendimento à saúde”, afirmou.
O CFM também reforça a importância de que os médicos registrem boletins de ocorrência e comuniquem os incidentes às diretorias das unidades de saúde. O Conselho defende que, além das medidas punitivas, é necessário um reforço na segurança dos estabelecimentos, garantindo tanto a proteção dos profissionais quanto o direito dos pacientes de receberem atendimento em um ambiente seguro.