Subtítulo: PCS Lab Saleme aponta falha na transcrição de testes como causa da infecção de seis pacientes e se coloca à disposição das autoridades para investigação.
O laboratório PCS Lab Saleme, responsável pela realização de testes em órgãos destinados a transplantes, confirmou que um erro humano foi o causador da contaminação de seis pacientes com HIV. De acordo com uma nota oficial divulgada pela empresa, a falha ocorreu durante a transcrição dos resultados de dois testes de HIV, o que resultou na infecção de pessoas que haviam recebido transplantes de órgãos.
A empresa também ressaltou que, até o momento, não foi formalmente notificada pelas autoridades competentes, tanto no âmbito criminal quanto administrativo, mas garantiu estar à disposição para colaborar com as investigações em curso. No entanto, o laboratório não forneceu detalhes sobre o responsável pelo erro, nem informou a data exata do ocorrido.
Um dos pontos mencionados no comunicado foi o nome de Jacqueline Iris Bacellar de Assis, técnica em patologia clínica que teria apresentado um diploma de biomédica ao ser contratada. O diploma foi emitido por uma instituição particular de São Paulo e foi utilizado como parte de seu processo de admissão em 2023.
O advogado de Jacqueline, José Félix, declarou que ela desconhece o diploma em questão e negou que sua cliente tenha atuado como biomédica. Segundo Félix, Jacqueline nunca exerceu funções que exigissem essa capacitação técnica e sempre desempenhou atividades administrativas no laboratório, limitando-se à supervisão de erros de digitação e formatação de documentos.
O Impacto da Falha no Sistema de Transplantes
O laboratório PCS Lab Saleme foi contratado para realizar exames em amostras de órgãos destinados a transplantes no sistema estadual de saúde do Rio de Janeiro. Entre dezembro do ano anterior e setembro deste ano, foram realizados mais de 500 transplantes no estado, e o laboratório foi responsável por 286 testes relacionados a esses procedimentos.
Após a descoberta das infecções, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro determinou a reanálise das amostras de sangue dos doadores. De acordo com o laboratório, os primeiros 205 resultados retestados no Hemorio deram negativo para HIV, confirmando, assim, os resultados previamente emitidos pelo PCS Lab Saleme.
O laboratório também destacou que, durante todo o processo de transplante, a única informação recebida a respeito dos doadores são as amostras de sangue, identificadas apenas por um código, fornecidas pela equipe do Centro Estadual de Transplantes (CET).
Em função da gravidade do caso, o governo do Rio de Janeiro adotou medidas imediatas. A Secretaria de Saúde do estado considerou a situação “inadmissível”, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou uma auditoria completa no sistema de transplantes do estado. A auditoria está sendo conduzida pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que também suspendeu temporariamente as atividades do PCS Lab Saleme enquanto as investigações prosseguem.
Medidas Adicionais para Evitar Novos Casos
Com a suspensão do laboratório, o Hemorio assumiu a responsabilidade pelos testes de HIV e outras doenças em doadores de órgãos no estado do Rio de Janeiro. Além disso, uma comissão multidisciplinar foi formada com o objetivo de prestar apoio aos pacientes afetados e tomar providências para evitar que novos casos de infecção ocorram.
Entre as medidas adotadas está a retestagem de outros doadores que tiveram seus órgãos testados pelo laboratório envolvido no caso. A Secretaria de Saúde do estado garantiu que todos os pacientes que receberam transplantes e cujos testes foram realizados pelo PCS Lab Saleme passarão por novos exames.
O escândalo gerou preocupação em todo o sistema de saúde do Rio de Janeiro, especialmente entre os pacientes e suas famílias. O caso também trouxe à tona a importância de rigorosos controles de qualidade nos laboratórios que realizam testes críticos para procedimentos médicos de alta complexidade, como transplantes.
Fonte: Revista OESTE