Com queimadas devastadoras, ministros parecem desorientados e o Congresso Nacional se mantém inerte diante da gravidade da situação
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um cenário alarmante: mais de 60% do território brasileiro está coberto por fumaça devido a queimadas naturais e criminosas, intensificadas sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A densidade da fumaça varia conforme a região do país, mas o impacto é generalizado. Em São Paulo, na última segunda-feira, a qualidade do ar foi considerada a pior do mundo, de acordo com o monitoramento da ONG internacional IQAir, reconhecida pela ONU.
Em meio à crise ambiental, tanto o governo Lula quanto o Congresso parecem estar inertes. Esta é a análise de dois dos maiores jornais do Brasil, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, que em editoriais publicados no dia 11 de setembro de 2024, apontam a falta de ação eficaz por parte das autoridades.
Mesmo com a ministra Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente, os esforços do governo federal parecem insuficientes. O número de brigadistas do Ibama teve um aumento tímido, passando de 2.109 para 2.255 entre 2023 e 2024, enquanto o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) viu seu contingente de 1.415 brigadistas ser reduzido para 981 no mesmo período. Essa discrepância entre as ações de combate e a crescente devastação ambiental tem sido um ponto de crítica constante.
O Congresso, por sua vez, mal reage. Embora tenha aprovado uma legislação sobre o manejo do fogo, isso aconteceu após seis anos de tramitação e três anos consecutivos de queimadas avassaladoras. A bancada ruralista segue ativa, promovendo pautas que muitas vezes contrariam os interesses ambientais, enquanto recursos destinados ao combate de incêndios foram cortados e depois parcialmente restabelecidos através de créditos extraordinários. Além disso, a criação de uma autoridade climática, proposta por Lula, foi bloqueada pelo Legislativo.
Na Amazônia, a situação é particularmente preocupante. O fogo atinge proporções que não se viam desde 2010, e a resposta governamental tem sido considerada fraca. Um exemplo disso é o ministro Wellington Dias, que, em visita recente ao Amazonas, Pará e Rondônia, declarou que a tragédia ambiental era “uma novidade”, ignorando que o problema das queimadas e sua gravidade são questões antigas e amplamente conhecidas.
Outro aspecto criticado é o silêncio de Nísia Trindade, ministra da Saúde, que até o momento não se manifestou publicamente sobre os riscos à saúde decorrentes das condições atmosféricas adversas. O jornal O Estado de S. Paulo destacou que, em situações semelhantes no passado, autoridades convocaram cadeias nacionais de rádio e TV para alertar a população, algo que, no caso atual, não aconteceu.
No nível estadual e municipal, a situação não é menos crítica, especialmente em São Paulo, onde a sensação predominante é de desorganização. As autoridades parecem surpresas com a gravidade de um problema que, como já foi amplamente discutido, não é novo e tampouco passageiro.
Curiosamente, o cenário difere bastante da recente tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, onde a mobilização foi rápida e contundente. Na ocasião, Lula se deslocou ao estado, acompanhado de ministros, e anunciou uma série de medidas emergenciais para enfrentar a crise, em cooperação com o Legislativo e o Judiciário. No entanto, quando se trata das queimadas que afetam a Amazônia e outras regiões do Brasil, essa articulação parece não existir.
A ausência de planos concretos, metas claras e uma articulação mais eficaz entre as esferas de poder são criticadas por ambos os jornais. Segundo a Folha de S. Paulo, cabe ao governo liderar a mobilização nacional para combater o avanço das queimadas e, sobretudo, prevenir que essa tragédia se repita nos próximos anos. A inércia observada, até o momento, sugere que há um longo caminho a ser percorrido.