Agressividade crescente entre candidatos à Prefeitura de São Paulo culmina em ataque físico de Datena contra Pablo Marçal durante debate na TV Cultura
A campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo chegou a um novo nível de tensão e agressividade na noite de domingo (15/9), durante o debate promovido pela TV Cultura. O ponto culminante foi um ataque físico do candidato José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB), quando Datena atirou uma cadeira no adversário ao vivo. Esse episódio não foi isolado, mas o auge de uma campanha marcada por confrontos verbais e ameaças físicas, refletindo a hostilidade que dominou o cenário eleitoral da capital desde o início.
Este foi o quinto debate entre os candidatos e, desde o início, os embates entre os postulantes à Prefeitura de São Paulo ficaram cada vez mais acalorados. As regras restritivas do debate, como o sorteio dos candidatos para responder perguntas, não foram suficientes para conter o clima hostil. O jornalista Leão Serva, mediador do debate, chegou a descrever a atmosfera como um “pugilato”, dada a intensidade das trocas de agressões verbais que marcaram o encontro.
Crescimento da Agressividade
O incidente da cadeirada foi apenas o último de uma série de episódios que revelaram a escalada de agressividade entre os candidatos. No debate anterior, realizado no dia 1º de setembro pela TV Gazeta e o canal MyNews, Datena já havia demonstrado comportamento ameaçador. Durante esse encontro, ele desceu do púlpito e se aproximou de Marçal, insinuando uma possível agressão, mas recuou antes de concluir a ação.
No entanto, as hostilidades não ficaram apenas entre Datena e Marçal. O atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), também se envolveu em troca de ofensas com Guilherme Boulos (PSol). Nunes chamou o oponente de “invasor”, em uma referência à atuação política de Boulos no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Boulos não deixou por menos, chamando Nunes de “ladrãozinho de creche”, em alusão às investigações que ligam o prefeito à Máfia das Creches, reveladas pela Polícia Federal.
Marçal, conhecido por seu estilo provocativo, também não economizou nas ofensas. Ele apelidou Nunes de “bananinha”, Boulos de “Boules” (em uma alusão à linguagem neutra), Datena de “Dapena”, e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) de “Chatábata”. Todos, com exceção de Tabata, responderam com novas provocações e ataques verbais.
Debate Vazio
Essa atmosfera de animosidade também foi percebida em debates anteriores. Um exemplo foi o encontro promovido pela revista Veja, em 19 de agosto, no qual os principais candidatos, como Nunes, Boulos e Datena, não compareceram. A ausência foi justificada pela insatisfação com a falta de cumprimento das regras por parte de Marçal no debate anterior, realizado cinco dias antes pela Faap, Estadão e Terra. Esse episódio foi marcado por uma provocação de Marçal, que apresentou uma carteira de trabalho a Boulos, gerando uma reação do candidato do PSol, que tentou, sem sucesso, derrubar o documento no ar.
No entanto, no debate seguinte, da TV Gazeta, houve uma tentativa de impor regras mais rígidas para evitar descontrole. Isso incluía a possibilidade de expulsão dos candidatos que não cumprissem as normas estabelecidas. Mesmo assim, a agressividade não foi contida.
Crescente Uso de Ataques Pessoais
As agressões não se limitaram aos debates. Durante toda a campanha, os candidatos Nunes, Boulos, Marçal, Datena e Tabata utilizaram uma parte significativa de seu tempo de TV, rádio e redes sociais para lançar ataques pessoais e expor pontos polêmicos dos adversários. A troca de ofensas ultrapassou o debate político, com adjetivos desrespeitosos e insinuações que refletiram o tom de animosidade entre os concorrentes.
Após o episódio da cadeirada, Datena e Marçal foram retirados dos estúdios da TV Cultura, mas os ataques continuaram entre Nunes e Boulos. O debate prosseguiu com trocas de farpas entre os dois, que solicitaram direito de resposta devido às acusações pessoais feitas ao longo do encontro. Embora ambos condenassem a agressão física de Datena, Nunes chegou a se referir a Boulos de forma sarcástica, chamando-o de “bagre ensaboado” e perguntando se ele estava “louco” após um questionamento que relacionava a gestão de Nunes à atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Boulos, por sua vez, criticou duramente o governo de Nunes, afirmando que o mandato do prefeito era um “escândalo” e que ele não passava de um “engenheiro de obra pronta”, referindo-se à suposta apropriação de projetos de gestões anteriores.
Conclusão
A campanha para a Prefeitura de São Paulo, marcada pela escalada de agressões, atingiu seu ponto máximo com o ataque físico de Datena a Marçal. O clima de hostilidade parece ter contaminado os debates e o tom geral da campanha, com trocas de acusações e ofensas pessoais se tornando mais comuns do que discussões sobre propostas concretas para a cidade.