Parlamentar registra boletim de ocorrência e solicita proteção após receber mensagens agressivas nas redes sociais e por e-mail
O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede-PE) relatou ter sido alvo de diversas ameaças após se manifestar contra o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que propõe absolver os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. As ameaças começaram a surgir logo após a última reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, na terça-feira, 10 de setembro, onde o parlamentar se opôs ao PL.
Entre as ameaças recebidas, Gadêlha foi insultado e ameaçado através de mensagens enviadas por redes sociais e e-mails pessoais. Um dos exemplos mais agressivos foi um áudio em que uma mulher o xinga de “filha da puta do caralho” e afirma que ele “vai pagar” por sua posição contrária ao projeto de anistia. Outra mensagem, enviada por um homem em uma de suas redes sociais, contém a ameaça direta: “Tu merece umas porradas nessa cara”. Além disso, o deputado recebeu um e-mail em que o remetente declara que Gadêlha “será chamado para o inferno”.
Contexto das ameaças
As ameaças ocorreram no contexto das tensões políticas em torno do PL da Anistia, um projeto altamente polarizado que visa perdoar os condenados pelos atos de vandalismo e ataques às instituições democráticas ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Gadêlha, que faz parte da Rede Sustentabilidade e tem uma postura crítica ao governo Bolsonaro, foi um dos parlamentares que se opôs de forma enfática ao projeto, o que desencadeou reações furiosas de apoiadores do ex-presidente.
Em entrevista, o deputado manifestou preocupação com a gravidade das ameaças. “Isso é grave demais. Esses deputados da ultradireita lançaram mentiras nas redes sociais para mobilizar criminosos contra mim. Estão usando o sentimento alheio para estimular a agressão e atentados contra a vida”, declarou Gadêlha. Ele criticou a disseminação de informações falsas por parte de alguns parlamentares, que, segundo ele, teriam incitado a violência e as ameaças que recebeu.
Medidas de proteção
Diante das ameaças recebidas, Gadêlha tomou medidas legais e de segurança para garantir sua proteção. Ele registrou um boletim de ocorrência na polícia legislativa e solicitou proteção armada, demandando que policiais legislativos o acompanhem em suas atividades. O pedido foi feito diretamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
As ameaças contra o deputado revelam o clima de tensão e violência política que se intensificou no Brasil nos últimos anos, especialmente após o episódio dos atentados antidemocráticos de janeiro. A discussão sobre a anistia aos envolvidos nesses atos tem gerado acalorados debates no Congresso, com manifestações e pressões por todos os lados. Parentes dos presos pelos ataques de 8 de janeiro, por exemplo, compareceram à reunião da CCJ para pressionar pela aprovação do PL da Anistia.
Impacto político
O caso de Túlio Gadêlha não é isolado, mas reflete um problema mais amplo de ataques a figuras públicas no Brasil, sobretudo aqueles que se posicionam de forma contrária a grupos políticos mais extremistas. A crescente polarização tem levado a episódios frequentes de ameaças e agressões contra parlamentares e outras autoridades. A solicitação de proteção armada por parte de Gadêlha é mais um indicativo do quanto o ambiente político no país se tornou perigoso para aqueles que adotam posições contrárias aos interesses de grupos mais radicais.
Com o boletim de ocorrência registrado e a solicitação de proteção em curso, o deputado busca continuar suas atividades parlamentares com maior segurança. Enquanto isso, o PL da Anistia segue tramitando na Câmara, em meio a intensos debates e controvérsias.