Impacto da seca e alta do dólar pressionam inflação e podem levar a aumento dos juros básicos após mais de dois anos de cortes
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (17) se eleva a taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano, diante do cenário de alta do dólar e impacto da seca nos preços de alimentos e energia. Após manter os juros estáveis nas últimas reuniões, o comitê agora enfrenta uma possível divisão entre seus membros, que avaliam um ajuste na taxa para conter as pressões inflacionárias que ameaçam ultrapassar o teto da meta para 2024.
De acordo com o último boletim Focus, a expectativa de inflação para o próximo ano subiu para 4,35%, aproximando-se do teto de 4,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A recente deflação de 0,02% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto foi temporária, impactada pela redução no preço da energia, mas a bandeira tarifária vermelha deve elevar os custos nos próximos meses, complicando o cenário econômico.
Outro fator que pesa na decisão do Copom é o impacto da seca prolongada, que afeta o preço dos alimentos e pode trazer pressões adicionais sobre a inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já indicou que o choque de oferta causado pela seca não deveria ser resolvido por meio de juros, mas o Banco Central segue com a missão de manter a inflação dentro dos parâmetros previstos, utilizando a Selic como principal ferramenta de controle.
A decisão do Copom será crucial para os rumos da economia brasileira, especialmente em um momento de incerteza global. Enquanto um possível aumento da Selic pode frear a inflação, também representa um risco de desaceleração econômica, ao encarecer o crédito e reduzir o consumo, fatores que serão analisados cuidadosamente pelo comitê.